Blandy's / Sobre o Vinho Madeira
O Vinho da Madeira foi
descoberto por puro acaso
O aquecimento do vinho durante o processo de envelhecimento é único. As suas origens ocorreram durante a época dos descobrimentos nos séculos XV e XVI, quando os navios de vela passavam pela ilha para abastecer-se de água doce e outros suprimentos, incluindo o vinho em barris, que eram carregados nos navios visitantes para fornecer refrescos muito necessários aos marinheiros e também para atuar como lastro. A lenda diz que, numa viagem para a Índia, os barris de vinho foram devolvidos ao produtor na ilha, que descobriu que o vinho havia melhorado consideravelmente, o que foi atribuído ao aquecimento do vinho pelas altas temperaturas tropicais, já que o navio havia cruzado o equador quatro vezes. Durante muitos anos, a prática de enviar vinhos em viagens de ida e volta se tornou normal, dando origem ao “vinho da roda” (vinhos de viagem de ida e volta).
Durante séculos, os embarcadores continuaram a enviar barris dos seus vinhos em longas viagens, não por outra razão senão para desenvolver maior caráter. Hoje, esse envelhecimento é replicado através dos métodos Estufagem e Canteiro nas adegas da ilha.
Com o tempo, a prática de enviar barris em viagens de ida e volta tornou-se cara, e com a introdução dos navios a vapor, a jornada tornou-se muito mais rápida, e os produtores começaram a usar o “sistema canteiro”. À medida que as vendas cresceram e a demanda aumentou, os produtores enfrentaram o desafio de encontrar uma maneira mais rápida de atender às necessidades de seus clientes, e como consequência, o sistema “estufagem” foi inventado.
Processos e Métodos
da Blandy's
São utilizados diferentes métodos de vinificação, de acordo com as variedades de uva.
Todas as variedades de uvas brancas são sujeitas a maceração pelicular para obter o máximo de extrato seco das uvas.
Os vinhos de Tinta Negra usados para produzir vinhos secos e meio secos não são sujeitos a maceração, enquanto os vinhos meio ricos e ricos utilizam técnicas de maceração e auto-vinificação.
Fortificação e
Fermentação
A Madeira tornou-se fortificada ao longo do tempo. A fortificação do vinho com aguardente foi introduzida em meados do século XVIII e hoje o processo continua com álcool neutro a 96% de graduação. Atualmente, todos os vinhos têm entre 17,5% e 21% de teor alcoólico.
A fermentação ocorre em cubas de aço inoxidável com controlo de temperatura, que são rigorosamente monitorizadas, e é interrompida com a adição de espírito de uva natural (96%) quando a quantidade adequada de açúcar natural da uva foi convertida em álcool natural.
Os vinhos de estilo rico são fortificados após aproximadamente 24 horas, enquanto os vinhos de estilo mais seco são deixados a fermentar durante 7 dias antes da fortificação.
Estufagem
O aquecimento do vinho durante o processo de envelhecimento é único da Madeira e contribui significativamente para a magia do vinho.
O aquecimento do vinho durante o processo de envelhecimento é único da Madeira e contribui muito para a magia do vinho. Surgiu durante a era das descobertas, quando barris de vinho eram carregados nos navios visitantes para fornecer as tão necessárias bebidas aos marinheiros e também servir como lastro para os navios. Numa ocasião específica, um barril de vinho foi devolvido intocado a um exportador após uma longa viagem à Índia. Depois de provar o vinho, o exportador notou que ele havia melhorado consideravelmente no barril.
Essa melhoria foi atribuída ao facto de, como o navio havia cruzado o equador quatro vezes, o vinho ter sido naturalmente aquecido pelas altas temperaturas tropicais. Durante muitos anos, a prática de enviar vinhos numa viagem de ida e volta tornou-se comum, dando origem ao “vinho da roda”. Com o tempo, essa prática tornou-se cara e, após a introdução dos navios a vapor, a viagem tornou-se muito mais rápida, fazendo com que os produtores começassem a usar o “sistema canteiro”.
O vinho da Madeira pode ser envelhecido pelos métodos “Canteiro” ou “Estufagem”. O método “canteiro” (em barris de carvalho americano nos sótãos quentes da adega) é utilizado para vinhos de qualidade superior. O método “estufagem” é um processo em que o enólogo controla a temperatura de aquecimento durante o envelhecimento.
Tanoaria
Alguns tipos de madeira realçam as características organoléticas do vinho.
A Blandy’s utiliza principalmente madeira carvalho americano, jacarandá brasileiro e castanho. Estes tipos de madeira são divididos em quatro grupos de barris:
“Pipas” – capacidade de 650 litros/171 galões
“Toneis” – capacidade de 700 litros/154 galões
“Cubas” – cubas verticais
“Barris” – capacidade de 100 litros/22 galões
Terroir & Vinhas
Os Terroirs da Ilha
A Ilha da Madeira é rica em terroirs diversos. Descoberta em 1419 pelo capitão português João Gonçalves Zarco, a ilha faz parte de um arquipélago que inclui duas ilhas habitadas—Madeira e Porto Santo—e dois pequenos ilhéus desabitados, as Desertas e as Selvagens. Como uma ilha vulcânica no meio do Oceano Atlântico, as vinhas da Madeira estão expostas a brisas oceânicas, e as uvas cultivadas em altitudes mais baixas podem desenvolver notas salinas e de iodo distintas. Os solos da ilha são ácidos, ricos em minerais, ferro e fósforo, mas com baixo teor de potássio—fatores que contribuem para a acidez característica do vinho. De fato, essa acidez é uma das características mais notáveis do vinho da Madeira, permitindo que ele permaneça fresco mesmo após muitos anos na garrafa. A localização da Madeira fez dela um ponto estratégico de paragem, impulsionando a rápida expansão do seu comércio de vinhos, especialmente em países como os Estados Unidos da América. Tão popular foi o vinho da Madeira nos EUA que, no século XVIII, se dizia que ele representava mais de 75% de todo o vinho importado para o país. O arquipélago está situado a 32º 38’ N de latitude e 16º 54’ W de longitude, aproximadamente 1.100 km da costa de Portugal e 590 km de Marrocos. A área total da ilha é de 741 km², com vinhedos cobrindo cerca de 490 hectares. O terreno acidentado da Madeira apresenta uma cordilheira que se eleva a 1.862 m (6.109 ft) acima do nível do mar—o pico mais alto sendo o Pico Ruivo. Essa cordilheira percorre toda a ilha, dividindo-a efetivamente em duas partes e criando sete microclimas distintos, os quais desempenham um papel crucial na determinação das localizações dos vinhedos. A irrigação é fornecida por um antigo sistema de canais chamados levadas, que canalizam água das montanhas para as parcelas agrícolas e eventualmente para o oceano. O clima subtropical e temperado da ilha, combinado com seus solos vulcânicos férteis, oferece condições ideais para cultivar uma grande variedade de culturas.
Vinhas
Devido à geografia da ilha da Madeira, a grande maioria dos vinhedos são relativamente pequenos. Os vinhedos podem ser encontrados desde o nível do mar até uma altitude de 800 metros, posicionados em pequenas terras conhecidas como “poios”. Para maximizar o uso da terra, era muito comum no passado encontrar uvas plantadas em pérgolas – ou “latada”, como é comumente conhecida na Madeira – com vegetais plantados ao nível do solo. Nos últimos anos, muitos vinhedos foram reconvertidos para a condução moderna em espaldeira, o que melhora a maturação das uvas devido ao aumento da exposição solar.
A família tem relações duradouras com os agricultores e, ao longo dos anos, acordos foram transmitidos de geração em geração.
Atualmente, a família possui 3 vinhedos:
No norte da ilha, a propriedade Quinta do Bispo de 5 hectares, onde se cultivam Sercial, Verdelho e Malvasia de São Jorge, e o vinhedo de 2 hectares na Quinta do Furão, onde se cultivam Sercial e Verdelho.
No sul da ilha, o membro da 7ª geração, Andrew Blandy, é proprietário da propriedade Quinta de Santa Luzia, um pequeno vinhedo experimental de 1 hectare, onde se cultivam as 4 variedades nobres brancas: Sercial, Verdelho, Terrantez, Bual, e também Tinta Negra.
Plantio e Condução
As vinhas são plantadas em pequenos terraços nas encostas íngremes ao redor da ilha. O método tradicional de condução das vinhas – em “pérgolas” ou treliças (conhecidas como “latada” em português) – é crucial para minimizar o impacto das doenças causadas pela umidade e permite uma densidade de plantio de 2.500 a 3.000 plantas por hectare. No entanto, existem algumas áreas onde a condução em espaldeira é empregada com sucesso, permitindo o plantio de 4.600 a 5.200 vinhas por hectare.
Latada
Espaldeira
Clima
Madeira tem um clima subtropical ameno, com meses de verão quentes e invernos temperados. No entanto, nas zonas mais altas das montanhas, a temperatura e a humidade variam dramaticamente e, por vezes, os picos podem ficar cobertos de neve.
O lado norte da ilha está exposto aos ventos do Atlântico Norte, sendo, por isso, mais fresco e húmido, enquanto o lado sul é mais quente e ensolarado. O clima contribui para uma flora rica e diversificada, onde flores, frutas e vegetais crescem em abundância.
Como Escolher o Seu Vinho Madeira
O vinho da Madeira é um dos vinhos mais valiosos de Portugal, reconhecido pela sua longevidade, complexidade de sabores e versatilidade. Originário da ilha da Madeira, este vinho único resulta de um processo distinto de vinificação e envelhecimento, que lhe confere características incomparáveis.
Armazenar e Servir Vinho Madeira
Os vinhos Madeira Vintage amaciam durante os primeiros dois anos após a engarrafamento e possuem a fascinante capacidade de permanecer em excelentes condições durante muitos anos, até mesmo séculos. As colheitas mais antigas devem ser decantadas para remover qualquer depósito que tenha se acumulado ao longo dos anos e devem ser abertas com bastante antecedência antes de serem consumidas. Uma regra geral é abrir o vinho um dia para cada 10 anos que o vinho esteve na garrafa.
Uma vez aberto, o vinho Madeira pode durar vários meses se armazenado nas condições adequadas.
Quanto ao consumo, sugerimos que os estilos secos e meio-secos sejam servidos frescos (12°C) e os estilos meio ricos e ricos sejam servidos ligeiramente frescos (16°C). O tipo de copo é importante. Sugerimos que todos os Madeiras sejam desfrutados utilizando um copo típico de Porto.
Prémios
Embora não seja o nosso principal objetivo, o facto de os nossos vinhos da Madeira terem sido premiados internacionalmente em várias competições e revistas de vinhos é o reconhecimento da sua qualidade superior e excecional.
